Montag, 15. Dezember 2008

Urbanismo e vida pública

Em que é que são diferentes cidades como Los Angeles, Tokyo e Paris? Como é a vida nestes espaços e como se estrutura o espaço público nestas cidades? O que é o espaço público, em relação ao espaço partilhado ou comum? E que relação tem a esfera pública - um espaço metfórico - com aqueles? Como é que o espaço público evoluiu da topografia da urbe para uma localização global, constante e omnipresente?
Estas são algumas das questões que o antropólogo Marcel Hénaff coloca e a que responde nesta publicação recente (2008). É um livrinho de bolso, de formato modesto, mas grande de conteúdo, onde se encontra uma reflexão atenta e informada sobre fenómenos da vida pública contemporânea (por exemplo, a transformação da cidade num arquipélago pluricêntrico sem a arquitectura da autoridade do poder e da religião). Uma leitura interessante e muito agradável.

Donnerstag, 11. Dezember 2008

Finalmente!

Gosto muito deste suplemento do Público. Pode não ser como o Feuilleton do Zeit, mas dá uma visão geral do que vale a pena ver e fazer. Claro que se se viver em Lisboa ajuda... Mas ainda assim posso ir vendo o que se publica. Contente! 

Samstag, 6. Dezember 2008

Dezembro


Absolutamente rendida ao espírito de Natal e deslumbrada com a neve. Outra vez.

Mittwoch, 3. Dezember 2008

Right

"There's nothing wrong with being wrong."
PAaB, Semiotic Circle

Montag, 1. Dezember 2008

Counterfactuals


Kind of longing for elsewhere, today, where the only certain thing is that it is better than here.
elsewhere ˈelsˈwɛə adv. somewhere else, to another place; in another place, abroad, absent, away.
Woanders.
Ailleurs. 
Porque não há uma palavra em português? 

Sonntag, 23. November 2008

Atraso

Diz o Público, hoje: 
Artigo científico sobre as campanhas eleitorais socialistas mostra como primeiro-ministro assumiu o poder e se tornou mestre da política na era da televisão
Televisão?! 
No resto do Ocidente, a Internet é hoje o meio mais importante, quer pela presença virtual dos partidos, quer como meta-medium dos outros meios de informação. 
E tenho sérias dúvidas se a televisão favoreceu de facto J. Sócrates. A não ser pelos velhos debates com Pedro Santana Lopes, que por lhe denegrir tanto a imagem, acabou por lhe dar alguma simpatia.
Estranho estudo...

Freitag, 21. November 2008

Grande presente



No dia dos meus anos, inaugura-se o site da nova biblioteca digital europeia com 3,5 milhões de documentos digitais online. Problema: a intensidade do tráfego paralisou o site. Presente adiado...

Desabafo

Meu Deus agradava-me tanto ser sociável. Quase todas as pessoas são sociáveis: porque raio tenho de cumprir este destino de ouriço?
António Lobo Antunes

Mittwoch, 19. November 2008

Jazz und Poetry mit Pasteten




Ein schöner Abend mit Gedichtenlesungen, Jazzmusik und etwas Farbe. Die Welt trifft sich im Crawford, mischt Klänge, Töne, Laute und versteht sich.

Montag, 10. November 2008

Landscapes



Niagara Falls, Nov.9 2008


Gustav Klimt, Birkenwald, 1903

Dienstag, 4. November 2008

Change

Ohio (not) impromptu

Foto tirada daqui

Hoje estou no centro do mundo! Ohio é o primeiro "swing state" a virar para Obama e a ditar o resultado destas eleições. A subida constante de Obama é impressionante. Depois de dois anos de campanha, passou de ilustre desconhecido com nome estranho ao (quase certo) presidente dos EUA. Mostra carisma como é raro encontrar hoje na política, inspira confiança e vontade de participar naquilo que propõe. É visceral a simpatia! O público quer acreditar que é possível dar um rumo novo à América, e a hora exige mudança. Os EUA têm de resolver a crise económica e encontrar uma nova via americana, mais compatível com os dias de hoje e com o mapa global em que a América já deixou de ser a única potência (cf. China e Rússia). A Europa quer reconciliar-se com os EUA. E o mundo tem de falar com uma América nova. 
Obama é um sinal de mudança, de optimismo e de vontade, nos EUA como em qualquer lugar. 
Hoje estou no centro do mundo e assisto à história em directo!

Donnerstag, 2. Oktober 2008

When "not too bad" is not good enough


foto tirada daqui

A política americana é mesmo muito diferente de tudo o que conheço. Aqui preferem a vizinha do lado no governo, porque é gente como nós, que fala como nós e tem os mesmos problemas. Na Alemanha, falar como nós só é critério na Baviera. Em Portugal, têm inveja do vizinho. 
Apesar do que os comentadores querem dar a entender, esticando os vencedores para onde vão as respectivas preferências políticas, para mim o debate tem um vencedor inquestionável. Joe Biden articula bem conhecimento e experiência, sem esquecer o cidadão comum. Mostra-se seguro e convencido do programa da presidência e sabe de onde vem essa segurança. Mostra carisma e inspira confiança, quer em assuntos internos, quer no plano internacional. Tem um discurso próximo da Europa.
Sarah Palin é uma boa governadora do Alasca. 
Se ganharem os republicanos, vamos ter mais do mesmo. Mais uma vez EUA e UE de costas voltadas e uma grande desilusão mundo afora. 
Se ganharem os democratas, as expectativas são imprecedentes. Mas a mudança vai-se fazer sentir. Aqui, na Europa e no resto do mundo. 
Mais 4 semanas.

Freitag, 8. August 2008

Brandos? Costumes

Acordo com o despertador ligado na NPR (National Public Radio) para ouvir as notícias. Tenho depois por hábito passar os olhos pela imprensa alemã e portuguesa para comparar perspectivas e prioridades no encadeamento das notícias, e para saber daquelas que só têm interesse no país em causa.
Hoje fiquei perplexa com turbilhão de notícias e comentários a respeito do assalto ao BES em Lisboa. Confesso que quando vi a primeira notícia ontem nem dei grande importância, não sei se por serem poucas as pessoas envolvidas, ou, talvez mais provavelmente, por não acreditar realmente que um assalto a sério desta natureza pudesse acontecer em terra de brandos costumes. Talvez a estadia aqui nos US, onde coisas assim são rotineiras, ou o profundo repúdio pelo que os media aqui fazem desses casos, me tenham feito imaginar um Portugal lá longe, pequeno, onde estas coisas não acontecem e os escândalos do Telejornal se fazem mais com histórias de quintal ou greves às sextas-feiras.
Também não sei se o que me incomodou mais foi o assalto em si, a actuação da polícia, de uma inesperada eficiência quase americana, as declarações de felicitação do Ministro, que me parecem de mau gosto, pelo aproveitamento político (nem me lembrava do nome do Ministro!) ou se as extrapolações na imprensa. E nem comento os comentários publicados às notícias do Público (estamos ainda tão longe de ter uma opinião pública crítica e ponderada, como se vê por outros lados...)
Não sei o que os órgãos de comunicação estão a pensar fazer, mas estava na altura de por um ponto final na discussão exacerbada da imprensa e nos comentários do público nos canais de imprensa. Não sei se um formato "Prós e Contra", tantas vezes mais virado para a apresentadora ou para os convidados do que para o assunto em si, adiantaria. Mas valia a pena debater este assunto, em toda a sua complexidade. Porque há muitas perguntas que querem uma reflexão séria e uma resposta ponderada. Estamos preparados para estas situações que nos podem interromper assim o dia-a-dia e a vida? Podemos preparar-nos? Sabemos reagir? Como reagimos a esta eficácia da polícia? Ao seu aproveitamento político? E mediático? Há realmente necessidade de um directo sobre uma matéria tão sensível? Tenho dúvidas sobre a utilidade deste tipo de informação, sobretudo para as famílias das pessoas envolvidas. E mais dúvidas tenho sobre a utilidade deste tipo de directos para o público em geral.
Portugal deixou há muito de ser um país de brandos costumes. De resto, todo o mundo.

Montag, 4. August 2008

New York

Voltei a New York na semana passada, ao fim de um ano. É uma cidade fascinante, que começo a chamar um pouco minha, por me reencontrar em lugares e em coisas que a cidade convida a fazer.
Todos os estereótipos sobre a cidade são absolutamente verdadeiros. O movimento é como nos filmes, o skyline também denuncia o grande ecrã. Mas há coisas que só se experimentam quando se caminha por Manhattan. Dois sons que para mim se confundem com a cidade são o bater regular e fluido do metro que me chega das grelhas nos passeios, e as sirenes de emergência que ecoam com exclusividade no canyon dos arranha-céus.
Depois há a excentricidade tão característica da metrópole, em que os 8 milhões que lá vivem já nem reparam. Como um homem a empurrar um carrinho de bebé por Chelsea, de onde espreitam dois cães de raça. Ou a miúda de 20 e poucos anos que se passeia de flip flops pela 5ª avenida, de sacos Luis Vuitton, Channel e afins nos braços. Ou os rappers no metro, os skateboarders a agitar as folhas no Central Park, os helicópteros como besouros no céu de Downtown, os pintores de fim-de-semana em concorrência frente à Lady Liberty, e os críticos mais ou menos sérios que por lá passam a dar as suas dicas.
Depois há os museus, onde me apresso para reencontrar os quadros que ainda me lembro em que lugar exacto deixei. Ou os cafés de onde aprecio um colorido incessante de pessoas à frente e atrás do amarelo dos táxis. A cacofonia de quem mora e de quem visita, a poluição de brilho a correr nos painéis de Times Square.
E depois há aquela sensação de se ser único numa cidade única, de imaginar como foi construir tudo aquilo tão cedo (nos anos 30, o Empire State Building já tinha batido o record. Onde estávamos, em Lisboa?!) e de saber que toda a gente se rende a esta metrópole do mundo, o que me faz sentir a par de figuras globais de política, das artes, do showbiz. Poderá ser pretensão, mas é uma sensação fabulosa!
Até à proxima!

Sonntag, 1. Juni 2008

Fotografia



Este é um novo link onde se pode expôr, descobrir e avaliar fotografia. Retratos, paisagens, instalações, encontra-se aqui de tudo um pouco, imagens que surpreendem e que provam que a fotografia é mais do que realismo.
Uma característica fundamental da arte visual é a ambiguidade: não tanto a incerteza ou indefinição do que está representado, mas a coexistência de vários referentes possíveis na representação. Na pintura, as formas de criar ambiguidade estão na origem das várias escolas ou movimentos: da arte representativa dos mestres holandeses, que criam ambiguidade narrativa (em que pensam as figuras à janela de Vermeer? Que relação têm?), à ambiguidade representativa de Picasso (como fazer coexistir diferentes perspectivas?), à impossibilidade surrealista de Dali ou Magritte.
Mas a ambiguidade também é possível em fotografia, que vai bem além da representação objectiva. Neste site há exemplos de grande arte fotográfica: um arco-íris impossível (nunca vi nenhum tão perfeito!), a anatomia do movimento congelada no salto falso de dois miúdos, a citação da floresta de Klimt, o perpétuo feminino. A conhecer e divulgar!

Samstag, 10. Mai 2008

Omnipresença

Ainda me lembro de quando a vizinha batia à porta e nos dizia que viéssemos ao telefone; notícias da aldeia que só visitávamos no Verão e nas festas, ou então um recado que uma colega de escola esquecera, sem saber da comoção que causava na vizinhança. Ela, telefonava de casa.
Depois, finalmente chegou o telefone, da mesma côr bege com que agora pintavam os táxis, com botões brancos e um toque estridente que me punha em alvoroço. Gostava tanto de o ouvir, que inventava pretextos para as amigas me ligarem à noite. A conversa impacientava-me, na verdade só queria ouvi-lo tocar, pegar no auscultador com a afectação eficiente de uma secretária, enquanto deitava um olhar furtivo ao espelho em frente. Depois, dizia a palavra inevitável e a magia acabava. Por agora.
Às vezes penso se não terei sonhado esse tempo. A memória traz contornos de ficção e entre mim e aquele outro eu quase não há afinidade. Continuo a não gostar das conversas ao telefone, só que agora também já não gosto de ouvir o toque. Prefiro falar em presença, ou, melhor ainda, escrever, em tempo real ou com atraso, pois que posso sempre pensar duas vezes antes de dizer o que não devo ou não quero. Ou justamente, exactamente o que quero.
A omnipresença de hoje é fascinante. A distância entre mim e o vizinho ou um amigo do outro lado do Atlântico é exactamente a mesma, a velocidade com que se tecem redes no mundo virtual é espantosa. Num instante descobrimos que temos "amigos" por toda a web e perde-se a noção de "fronteira".
Naturalmente, estou rendida às possibilidades de comunicação global, que me trazem o mundo quando estou em casa, e me devolvem a casa quando estou no mundo. Mas esta abertura ao mundo não raro me traz desejos de exílio, para um qualquer lugar onde um toque de telefone ainda seja um acontecimento.

Freitag, 9. Mai 2008

Parabéns, Europa!

Foto tirada daqui.



58 anos!

Tratado, comissão, alargamento, Estado-Membro, constituição, cidadania, €uro, multilinguismo, conselho, mercado comum, história, mobilidade, Erasmus, coesão, eurocentrismo, eurocéptico, clube europeu, Shengen, ...

Não foi só vocabulário o que se ganhou com a União Europeia. Mas é preciso atravessar um oceano para ver o resto...

Samstag, 3. Mai 2008

Damien Rice - Cannonball

Ouvia sempre esta música na linha de Cascais, a ver o mar experimentar todos os tons de azul e cinza. A música trazia-me então nostalgias de ausência, de distância, de espaços conhecidos e ainda por descobrir atrás da linha do horizonte.
Agora, deste lado, é a cadência do comboio o que ela me lembra.

Sonntag, 27. April 2008

Estações?

Diz-se por aqui que o Outono é muito bonito, ameno, e cheio de cores quentes. Depois, vem o Inverno, longo, muito longo, branco e frio. O Verão é muito quente e húmido e traz muitas trovoadas. A Primavera calha normalmente à quarta-feira.

Sonntag, 20. April 2008

Chicago

Sexta-feira, quatro da tarde. No Millenium Park passeiam-se transeuntes em véspera de fim-de-semana, fazem planos ao telefone enquanto tiram a gravata. Entre eles, os turistas apontam as câmaras aos arranha-céus. Dois homens passam, de programa do concerto na mão. A orquestra repetiu o concerto, hoje mais cedo. Atrás deles, outro homem passa. Veste um fato preto a que o tremelinho dá um toque de festa. Traz uma pasta na mão. Senta-se na mesa ao lado, tira o tricôt e embrenha-se nas malhas com a concentração com que acabou de tocar Beethoven.

A cidade acondicionada numa superfície convexa. Extraordinariamente simples, a escultura vive do que mostra, do que sugere. Tocá-la, fotografá-la é pisar o risco entre o ser e o parecer, entre o que vejo e como é ver-me de fora.



Não sabia que van Gogh tinha o quarto em Chicago. Ao entrar na sala, o impacto é quase um susto. Como se fosse um velho conhecido que não adivinhasse aparecer assim de surpresa nesta cidade desconhecida.



Uma descoberta: Esa-Pekka Salonen, maestro. E compositor. O concerto para piano é surpreendente, intenso, intemporal na sua contemporaneidade. A conhecer.



Nem as esculturas espalhadas por recantos a que não ousaria chamar praças afasta a impressão de ser engolida pela cidade. Intimidantes estes edifícios que concorrem em altura, deixando adivinhar a maratona por trás de cada janela.

Samstag, 5. April 2008

A última fronteira


Loucura ou lucidez, é admirável a determinação e a certeza que levam Chris, alias Alex Supertramp, a voltar costas a um futuro cheio de possibilidades e a separar-se de tudo o que o liga à família e à sociedade rumo ao Alaska. O que lá vai fazer é curiosidade que só assalta quem ele vai encontrando em meses de caminho. Ele sabe porque vai e que tem de ir. E enquanto o caminho se vai fazendo mais curto, Chris vai tocando e mudando algumas vidas.

Quem é Chris? Na resposta espera-se encontrar uma motivação suficientemente forte que justifique esta vontade extrema. Há vidro familiar, idealismo de juventude, leituras subversivas. Mas é mais do que isso o que chama Chris à condição primordial de imersão na natureza e de sobrevivência em absoluta autonomia, contando apenas com a cabeça e as mãos.

Mais de uma centeza de dias depois, Chris está pronto a voltar, quando descobre que o rio depois do degelo é intransponível. A natureza prendeu-o e por capricho escreveu-lhe o fim inevitável da história. Os últimos registos do diário que o acompanha deixam saber que teve medo e que se sentiu sozinho. Que a felicidade só faz sentido quando partilhada.

É inevitável pensar o que teria acontecido se o rio tivesse menos urgência e se acomodasse num leito mais estrito. Possivelmente um filme mais kitsch, talvez nenhum filme.

O que fez então Chris decidir voltar é o que cada um procura encontrar no fundo da dúvida. E essa resposta não se dá num filme. Procura-se na vida. Talvez se encontre.

Dienstag, 19. Februar 2008