Samstag, 10. Mai 2008

Omnipresença

Ainda me lembro de quando a vizinha batia à porta e nos dizia que viéssemos ao telefone; notícias da aldeia que só visitávamos no Verão e nas festas, ou então um recado que uma colega de escola esquecera, sem saber da comoção que causava na vizinhança. Ela, telefonava de casa.
Depois, finalmente chegou o telefone, da mesma côr bege com que agora pintavam os táxis, com botões brancos e um toque estridente que me punha em alvoroço. Gostava tanto de o ouvir, que inventava pretextos para as amigas me ligarem à noite. A conversa impacientava-me, na verdade só queria ouvi-lo tocar, pegar no auscultador com a afectação eficiente de uma secretária, enquanto deitava um olhar furtivo ao espelho em frente. Depois, dizia a palavra inevitável e a magia acabava. Por agora.
Às vezes penso se não terei sonhado esse tempo. A memória traz contornos de ficção e entre mim e aquele outro eu quase não há afinidade. Continuo a não gostar das conversas ao telefone, só que agora também já não gosto de ouvir o toque. Prefiro falar em presença, ou, melhor ainda, escrever, em tempo real ou com atraso, pois que posso sempre pensar duas vezes antes de dizer o que não devo ou não quero. Ou justamente, exactamente o que quero.
A omnipresença de hoje é fascinante. A distância entre mim e o vizinho ou um amigo do outro lado do Atlântico é exactamente a mesma, a velocidade com que se tecem redes no mundo virtual é espantosa. Num instante descobrimos que temos "amigos" por toda a web e perde-se a noção de "fronteira".
Naturalmente, estou rendida às possibilidades de comunicação global, que me trazem o mundo quando estou em casa, e me devolvem a casa quando estou no mundo. Mas esta abertura ao mundo não raro me traz desejos de exílio, para um qualquer lugar onde um toque de telefone ainda seja um acontecimento.

Freitag, 9. Mai 2008

Parabéns, Europa!

Foto tirada daqui.



58 anos!

Tratado, comissão, alargamento, Estado-Membro, constituição, cidadania, €uro, multilinguismo, conselho, mercado comum, história, mobilidade, Erasmus, coesão, eurocentrismo, eurocéptico, clube europeu, Shengen, ...

Não foi só vocabulário o que se ganhou com a União Europeia. Mas é preciso atravessar um oceano para ver o resto...

Samstag, 3. Mai 2008

Damien Rice - Cannonball

Ouvia sempre esta música na linha de Cascais, a ver o mar experimentar todos os tons de azul e cinza. A música trazia-me então nostalgias de ausência, de distância, de espaços conhecidos e ainda por descobrir atrás da linha do horizonte.
Agora, deste lado, é a cadência do comboio o que ela me lembra.