Freitag, 8. Juni 2007

Ohio Impromptu

Um leitor e um ouvinte, de aspecto idêntico sentados a uma mesa. A história que partilham - a do ouvinte? - fala de um homem e da perda de alguém querido, da partida para uma ilha onde não estiveram. Os sons desconhecidos do lugar sublinham a ausência e o desespero. Voltar não é possível. E o sono à noite não vem. Uma noite, um outro homem aproxima-se, enviado pelo ser amado para conforto do que ficou. Sem mais palavras, tira um livro do bolso do casaco e lê. Uma história triste. Sem uma palavra, afasta-se em seguida. Noite após noite, o homem regressa e sem preâmbulo começa a leitura, finda a qual se afasta, sem uma palavra. Até que uma noite diz que será a última. Já não é preciso o seu conforto, e mesmo que quisesse, não tem poder para voltar. E assim, os dois, tornados num só pelo ritual da leitura nocturna, permanecem sentados, em silêncio, como se tornados em pedra.

Uma peça que é aquilo de que fala. E um leitor como uma voz interior, um efeito da mente.

Um impromptu onde nada é deixado ao improviso, escrito de encomenda para um simpósio em Columbus, Ohio. Ohio, onde a elevação vem precedida de um vazio e para outro semelhante se dirige.

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