
Depois de anos a ler apenas em português e alemão, com o inglês reservado às leituras de trabalho, cedi finalmente espaço a esta língua nas minhas leituras por prazer.
A minha ignorância dos autores contemporâneos americanos é grande, e por isso aceito a sugestão subjectiva de terceiros.
O romance conta a história de Lilly Owen, uma adolescente de 14 anos que vive na Georgia com o pai, a quem trata por T. Ray (Daddy não condiz com ele), com a recordação da mãe, que viu morrer aos quatro anos, e com a culpa de a ter morto ao pegar acidentalmente numa arma, durante uma discussão dos pais, motivada pela decisão da mãe de abandonar T. Ray. Na mesma casa mora a negra Rosaleen, ama de Lilly, que se prepara para ir à cidade registar-se para votar. A caminho, responde aos insultos de alguns homens brancos que as vêem passar, e as duas acabam na prisão da cidade. Lilly sai passadas algumas horas. Rosaleen fica e é agredida pelos mesmos homens, acabando internada no hospital. Ao inteirar-se da situação, e depois de uma discussaõ com T. Ray, que lhe afirma que a mãe a abandonara a ela também, Lilly resolve sair de casa, levando consigo as poucas recordações da mãe que guarda: umas luvas brancas, uma fotografia e uma imagem de uma Virgem negra, com um nome de uma terra por trás: Tiborun S.C. Lilly dirige-se ao hospital e ajuda Rosaleen a fugir, e ambas dirigem-se a Tiborun, onde Lilly espera descobrir mais coisas sobre a mãe. Em Tiborun, uma feliz coincidência leva-as à casa cor de rosa das irmãs com nomes dos meses do calendário: May, June e August. Esta última produz mel, que vende em frascos com a mesma Virgem negra no rótulo. As irmãs resolvem acolher Lilly e Rosaleen, embora saibam que estas escondem a verdadeira razão da sua presença ali. Lilly e Rosaleen passam um Verão sereno e feliz no ambiente em que vivem as irmãs. Lilly inicia-se na arte da apicultura e nos segredos da vida das abelhas, e aprende a pouco e pouco que a vida se parece com a existência nas colmeias.
O final é previsível, mas está bem contado. Algumas reflexões e palavras de Lilly são demasiado amadurecidas para os seus 14 anos, mas acedemos a deixar a assimetria de parte. E toda a narrativa decorre sobre o pano de fundo da América do final dos anos 60, feita de problemas raciais e sociais, dos desafios da ciência que levaram o homem à lua, do misticismo excêntrico de rituais caseiros, e de paisagens cheias de cores, sons e cheiros longínquos.
Reconcilio-me com a leitura em inglês.
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